Gambá com Gambá - Texto adaptado de Marta Medeiros por Erika Rosa




Semanas atrás, conversei com uma mulher inteligente e divertida com seus 60 anos e 3 casamentos nas costas. Ela me disse que até hoje sente falta de seu primeiro marido, com quem tinha afinidades e gostos parecidos, e lamenta ter trocado o casamento para sair atrás de aventuras. E disse:
"Não adianta inventar, gambá gosta de gambá, elefante gosta de elefante, e assim os pares funcionam"


Ultimamente, tenho visto muito gambá com coelho, cavalo com avestruz, gaivota com jacaré, e o resultado é um misto de excitação e frustração. No mundo em que muitos brandam: Viva a diferença! É comum vermos pessoas inicarem relacionamentos que já estão com prazo de validades vencidos.

O diferente nos desafia, mas também nos cansa. Normal é ter essas diferenças nas amizades, circulos sociais, interações políticas, essa diversidade de ideias e gostos me atrai, mas não no amoroso. Amigos que não gostam de ler enquanto eu devoro 2 livros por mês, aceitável. Amigos que prefiram estar na academia de domingo a domingo enquanto eu não saio domeu sofá, tolero. Agora reunir todas essas diferenças em um único casal, é provocar o destino, e eu quero estar á favor do vento.

Não quero destravar duelos, e sim, companherismo. Quero celebrar semelhanças e construir coisas juntos. Que nós dois sejamos cuidadosos um com outro. Que nós dois não sejamos preconceituosos. Que nós dois gostemos de dar risada e conversar sobre astrologia. Que nós dois gostemos de filmes legendados. Que nós dois tenhamos uma visão desestressada da vida. Que nós dois tenhamos consciência do nosso propósito de vida, e saibamos que estamos aqui de passagem. Que nós dois gostemos de ir a um show acustíco do que balada.Que nós dois não suportemos sertanejo, e gostemos mais de rap, samba e MPB.

É fácil, gamba com gambá, E eu, exótica que sou, procuro o Onitorrinco para chamar de par.

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