Mar de Sofia - Texto escrito por Diego Engenho Novo




Eu já escrevi muito sobre términos, sobre recomeçar, sobre juntar os próprios pedaços após a explosão, na hora mais dura, quando um silêncio quase palpável se estabelece em nós. O que dá pra fazer? Poxa, faça o que dá pra ser feito. Todas essas fórmulas seguem o mesmo preceito: não há o que fazer a não ser sobreviver a isso. Pense comigo: se você está no mar escuro e turbulento após um naufrágio, o que você faz? Faz o que dá. Mantém a cabeça pra fora da água, busca algo pra se apoiar, boia, nada, sobrevive. Pense no sentido dessa palavra: se manter sobre a vida, apoiada nela, acima das necessidades básicas. Respire fundo e escute seu próprio instinto, é ele quem joga a boia.

Eu sinto ter que te dizer que certas pessoas se misturam em nossa alma, como um rio que se deixa engolir pelo mar aberto. Certas pessoas jamais partem, mesmo que você as mande embora. Certas pessoas jamais morrem ou deixam nosso coração, talvez porque em outros tempos a gente tenha justamente pedido isso, com toda força. A boa notícia é que essas pessoas podem ser realocadas. Elas adormecem num cantinho especial, são guardadas juntas com suas lembranças, seus vestígios, dentro da gente. Então, Sofia, não gaste tanta energia tentando mata-lo ou esquece-lo, mas tentando acomodá-lo onde melhor lhe couber. Por um lado, pensar que ele jamais vai embora pode parecer doloroso, mas tira um peso enorme das costas.

Seja forte, seja grata, você foi muito amada e será ainda mais. Consegue enxergar? Lá na covinha do sorriso do mar? Terra à vista, Sofia. Terra à vista. 

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