Ensaio sobre Cegueira - Texto escrito por Erika Rosa





ce·go |é| 

(latim caecus-a-um)


Que ou quem não percebe o que é perceptível para quase todos.

Definição poética para aqueles que são desprovidos da visão, mas o que torna alguém cego? 

Talvez é a forma de tentar ver aquilo que já não existe, uma negação, é duro ver algo que um dia foi bonito morrer com verdades abstrusas, mesmo sendo a realidade. 

Não acredito que o amor seja cego, pelo contrário, o amor acontece quando os parceiros permanecem com os olhos bem abertos. Amor de verdade ilumina, desanuvia, revela, é transparente e não há segredos para esconder do parceiro, não cega coisa nenhuma. E caso o olhar fique turvo ou se perca na neblina de incertezas, certamente amor não há.

Não perceber aquilo que é aparente para quase todos, é a visível luta para sustentar aparências que não se sustentam da porta para dentro, tampouco convencem quem está olhando de fora. Buscar teorias mirabolantes para fazer sentido algo que está escancarado, é a mais vívida cegueira, e assim permite engolir ofensas, esconder o choro, abafar o grito, com medo de que a realidade seja perceptível ao olho nu.

De longe parece uma ideia bonita, o amor não enxergar, apenas sentir.  Se estiver tratando de um amor utópico, daqueles que permanecem no mundo das maravilhas e no campo das ideias, pode até funcionar. Mas para amores reais, relacionamentos concretos, o amor não pode ser cego pois precisa de base para durar, e ninguém constrói casa em areia movediça. 

Independente de qualquer coisa, todo mundo mundo tem o amor que acha que merece ter, e isso não necessita mais de argumentações ou teses para aqueles que insistem em permanecer na escuridão. Mesmo que traga  filmagens das câmeras do prédio, não faria a menor diferença porque o pior cego é aquele que não quer enxergar, ou melhor dizendo, é aquele que tem miopia.





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