Loba II - Texto escrito por Erika Rosa - Novembro 2016



Deparei com o  meu passado usando óculos e  me fitando de uma forma irônica.

O seu sorriso é visível pela forma em que me  olha, mesmo não transparecendo na boca.

Você deveria estar bem longe de mim, você não deveria ter coragem de me olhar, mas ousadia e cinismo fazem parte do seu nome.

Controlo todos os meus impulsos, e a vontade desenfreada de te responsabilizar por tudo que aconteceu comigo, de como você pôde ser tão irresponsável de abrir a caixa de pandora e não aguardar o que lhe esperava, de como você é capaz de fingir que nada mudou e está tudo bem.

Minha consciência observa tudo e rejeita com a cabeça todos os meus pensamentos, e aguarda qual será a minha decisão diante essa situação.

Tudo acontece em frações de segundo, preciso agir...

Repouso a minha mochila sob a mesa, e vou buscar algo para comer, preciso aquietar a Erika impetuosa de algum modo, ajo normalmente.

E num lampejo de lucidez, afirmo que nunca foi sobre você e a sua relevância na minha vida, sempre foi como me comportei perante a você, e qual foi o  meu lado que mais  alimentei, sempre se tratou de mim.

E igual a lenda de um velho Cherokee que ensinava aos seus discípulos que toda pessoa contém dois lobos internos: o bom e o mal, e no meio da explicação é interrompido com a pergunta sobre qual dos lobos vencerá a batalha:
O Ancião responde:  Aquele que for alimentado....

- Eureka - sussurra a minha consciência, e me fita novamente com uma ironia no olhar e uma vontade incontrolável de rir, com ar de cinismo e ousadia sobre as minhas descobertas, e complementa:

"Nunca se tratou dos outros, sempre foi o lobo que você quis alimentar."


Volto para situação, e no passe de mágica, você não está mais lá.




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